CIMENTOS – O cenário econômico instável marcado por juros altos, elevado endividamento e renda baixa dos brasileiros seguem travando o crescimento da atividade cimenteira. Em agosto, as vendas do produto registraram números próximos ao mesmo mês de 2021 com um leve aumento de 0,1% – atingindo 5,9 milhões de toneladas comercializadas – e no acumulado do ano o recuo foi de 2,9%, segundo o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC). Ao se analisar o despacho do insumo por dia útil nota-se uma queda de 3,9 % sobre o mesmo mês do ano passado, ou seja, comercialização de 234,6 mil toneladas por dia em agosto de 2022.
Paulo Camillo Penna, presidente do SNIC avalia que o segundo semestre poderá apresentar melhor desempenho: “A sazonalidade nas vendas da indústria do cimento que tem, historicamente, um melhor desempenho no segundo semestre poderá nos levar a uma parcial recuperação nas perdas registradas na primeira metade do ano.”
O setor continua sendo afetado por fatores domésticos relevantes que impactam sua recuperação. A Selic ainda em patamares elevados de 13,75%, aumenta os custos de crédito, e a renda disponível por parte das famílias¹ segue amplamente comprometida.
Apesar disso, o setor da construção civil teve seu PIB aumentado em 9,5% no 1° semestre em relação a igual período do ano passado, contribuindo para o crescimento do Produto Interno Bruto brasileiro e na geração de emprego e renda. Ainda que o mercado de trabalho esteja se recuperando com a menor taxa de desemprego desde setembro de 2015, os salários não estão no mesmo ritmo, com valores inferiores aos registrados antes da pandemia. Nesse sentido, a liberação do saque do FGTS e o novo Auxílio Brasil injetaram novo ânimo no setor.
Os indicadores de confiança acompanharam esse otimismo. O índice do consumidor voltou a subir impulsionado pela melhora do mercado de trabalho e desaceleração da inflação. Na construção4 foi em função das últimas medidas de apoio voltadas para o segmento de habitação social. Já a confiança da indústria5 está mais positiva com a queda de preços de combustíveis e energia.
Mesmo sem as restrições impostas pela pandemia, o mercado imobiliário sinaliza queda no número de lançamentos de 6% no primeiro semestre de 2022 em comparação ao mesmo período do ano passado. As vendas imobiliárias tiveram alta de 1,4% na mesma base comparativa. Esse movimento faz com que o estoque de obras diminua e, consequentemente, piora a perspectiva das vendas de cimento.
O desempenho do programa Casa Verde Amarela também apresentou retração. Os lançamentos caíram 28,1% e as vendas 5,6% nos seis primeiros meses do ano em comparação com 1° semestre de 2021. O programa participa hoje com 36% dos lançamentos, quando antes chegou a 60%. Ainda não foi sentido os efeitos das últimas medidas tomadas para impulsionar o programa.
O crescimento do PIB acima do esperado, o desemprego em queda e a lenta, porém constante, recuperação do rendimento do trabalhador apontam para uma melhor perspectiva da economia em 2022.