Com os dados consolidados dos Indicadores Imobiliários Nacionais da CBIC – Câmara Brasileira da Indústria da Construção -, que abrange análise do agregado de 23 regiões do Brasil, considerando, principalmente, grandes cidades e regiões metropolitanas, totalizando 31,2% da população brasileira, as vendas de unidades residenciais novas cresceram 9,4%, no comparativo ano de 2017 com ano de 2016.

Isso também contribuiu para o crescimento real, no mesmo período, de 9,2%, nas vendas do comércio de material de construção, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -, já que, ao receberem as chaves de seus imóveis novos, esses consumidores, habitualmente, realizam, em menor ou maior grau, reformas para adaptá-los à sua conveniência e senso estético, comprando, assim, os materiais no varejo.

No entanto, após a grave crise econômica pela qual recém passamos, para muitos a pior da história do Brasil, com uma queda acumulada do PIB de 6,9%, em dados revisados, e uma queda real de 18,2%, no comércio de materiais de construção, ambas no acumulado 2016/2015, é de se esperar que surja um novo consumidor, não só de materiais de construção, mas, de maneira geral, de todos os tipos de produtos e serviços.

No que diz respeito a esse artigo, nos ateremos à contratação de pedreiros e pintores para grandes obras residenciais, mais especificamente considerando a amostra que pintou a residência durante essas mesmas obras.

Apoiando-nos nos resultados do Painel Comportamental do Consumo de Materiais de Construção, que entrevistou consumidores que realizaram essas obras no período de setembro de 2014 a agosto de 2015, na entrega de 2015; no período de setembro de 2015 a agosto de 2016, na entrega de 2016; e no período de setembro de 2016 a agosto de 2017, na entrega de 2017, sempre no mês de setembro, do total dessas amostras, numa média de 822 entrevistados, em 2015, 88% disseram ter pintado a residência; em 2016, 75%; e, em 2017, 85,4%.

E, apenas desses totais que pintaram a residência, como se comportou o nível de contratação dos pedreiros e dos pintores?

Bem, nos resultados do Painel de 2015, 62,3% os contrataram; em 2016, 54,3%; e, em 2017, 47,1%, ou seja, proporcionalmente, a contratação dos pintores caiu, ano após ano.

Mas, e os pedreiros?

Nos resultados do Painel de 2015, 65,5% os contrataram; em 2016, 68,6%; e, em 2017, 74,2%, ou seja, proporcionalmente, a contratação dos pedreiros cresceu, ano após ano.

É de se esperar que, em períodos economicamente críticos, o grau de especialização nas contratações seja flexibilizado, de maneira mais enfática nos consumidores das classes sociais menos favorecidas, ocorrendo uma maior demanda por profissionais generalistas, pressupondo que eles farão mais, com uma qualidade minimamente aceitável.

Prova disso, é que, somente considerando o Painel de 2015, enquanto a média de contratação de pintores foi de 62,3%, como vimos acima, na classe A foi de 76,9%; no Painel de 2016, enquanto a média de contratação de pintores foi de 54,3%, na classe A foi de 72%; e, no Painel de 2017, enquanto a média de contratação de pintores foi de 47,1%, na classe A foi de 69,2%.

Enfim, embora de maneira menos acentuada e significativamente acima da média total, composta por entrevistados das classes A, B e C, também as classes mais favorecidas economicamente demonstraram uma tendência de abrir mão da especialização quando pintando suas casas, embora não possamos afirmar que proporcionalmente, nesse caso, a contratação de pedreiros tenha crescido, ficando, nos três anos, muito próxima da média de 77,3%.

Caso ocorra uma recuperação econômica mais vigorosa, o que, diante do atual cenário não parece  provável – muito pelo contrário, deverá ser vagarosa e com recaídas, como, por exemplo, no próprio setor de serviços prestados às famílias -, essa situação se alterará, aumentando, novamente, a contratação de profissionais especializados, nesse caso, pintores, e não pedreiros, para pintar uma obra residencial.

Então, talvez, seja o caso de pensar na ascendência cada vez maior que os pedreiros poderão exercer sobre as escolhas das marcas de tintas e acessórios, e, a exemplo do trabalho já muito bem desenvolvido por muitos dos players do segmento com os pintores, estendê-lo também para os pedreiros.

Afinal, em termos absolutos, já que são disparadamente os profissionais mais contratados, são eles os maiores influenciadores nas obras residenciais para escolha de canais e materiais.

O sistema de inteligência de mercado DataMkt Construção é cogerido por Leroy Merlin, Eucatex, Pincéis Atlas, Votorantim Cimentos e Deca, empresas empenhadas em melhor entender o segmento, contribuindo também, para sua profissionalização e desenvolvimento.

Artigo originalmente compartilhado na Company Page do Grupo Revenda no Linkedin. Siga-nos e garanta o recebimento contínuo de notícias e artigos sobre o momento e tendências do setor.