GRAFENO – A brasileira Montana Química e a britânica Versarien firmaram uma parceria que vai alavancar o uso de grafeno no mercado nacional, em um negócio que envolve inicialmente 50 mil libras (R$ 350 mil), seguidos de adicionais 25 mil libras (R$ 175 mil) quando do início de produção, além do pagamento de royalties sobre a propriedade intelectual. O material, quando incorporado aos produtos, melhora suas propriedades químicas e físicas, garantindo assim maior resistência e durabilidade.
Segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM), o Brasil é o segundo maior país em reservas de grafita, que dá origem ao grafeno, e é o terceiro maior fornecedor mundial do mineral. O negócio visa a capacitação brasileira na Inglaterra, sede da Versarien, para o posterior desenvolvimento da tecnologia dentro da Montana Química.
Doutor pela Universidade de São Paulo e químico especialista da Montana Química, Fernando Menegatti afirma que o grafeno, na literatura, apresenta muitas vantagens, mas ainda é pouco explorado pelo mercado. “O material apresenta grande potencial e tem se mostrado um ótimo aditivo para a construção civil. Como o grafeno reduz o teor de ar quando adicionado à massa de concreto, isto facilita consideravelmente a mistura, transporte, moldagem e acabamento, além de conferir maior durabilidade”.
Ele explica que; “além disso, o grafeno confere inércia química e condutividade elétrica a tintas e revestimentos. Dentro do mercado têxtil, por ser um material de baixa densidade e de alta flexibilidade, traz leveza e resistência aos tecidos, além de potencializar a capacidade dos lubrificantes por conferir ótima dissipação térmica ao sistema. Hoje, diante dos desafios científicos enfrentados, cabe às áreas de desenvolvimento se unirem para que o material seja cada vez mais difundido pelo mercado brasileiro.”
Além do desempenho
Em 2018, o setor global de edificações e construção foi responsável por 36% do consumo final de energia e 39% das emissões de dióxido de carbono (CO2) relacionadas aos seus processos industriais.
“A introdução de materiais à base de grafeno em compósitos de cimento influencia o processo de hidratação e a microestrutura da fase cimentícia, resultando no reforço geral do compósito. O grafeno, um material bidimensional com alta área superficial, pode atuar como semente de nucleação, acelerando a reação de hidratação do cimento no estágio inicial, o que nos possibilitaria reduzir a quantidade dos insumos das misturas, contribuindo assim para avanços na redução de CO2”, afirma.
Licenciamento de produtos
“Nosso core business é a madeira, mas não podemos nos furtar à inovação e à ampliação de portfólio”, afirma Andreas Von Salis, diretor superintendente da Montana Química. “Por isso decidimos desenvolver complementos importantes para nossa estratégia com o uso do grafeno. Poucos lugares do mundo estão utilizando o grafeno na prática, e seremos um dos pioneiros.”
A empresa criou, em outubro de 2022, seu Centro de Pesquisa & Inovação com o objetivo de buscar soluções com o uso de materiais avançados para os mais diversos mercados. “Nossa ideia é incorporar novas soluções aos produtos do varejo e da indústria. Isso não vai apenas nos beneficiar, mas também será importante para toda a cadeia”, declara o executivo.
“Estamos muito satisfeitos com a parceria com a Montana, uma empresa líder em seu segmento na América do Sul, e esperamos colaborar estreitamente com ela à medida que traz ao mercado produtos aprimorados pela tecnologia da Versarien”, declara Stephen Hodge, presidente-executivo da multinacional britânica.