Começamos o ano embalados pelos números mais recentes do IBGE, que apontaram para um crescimento real do comércio de material de construção de 8,6%, no comparativo acumulado ano outubro de 2017 com acumulado ano outubro de 2016, projetando para um fechamento de ano estimado entre 9 e 10%.
Nada mal! Porém, se confirmando esse número, o comércio do setor estará apenas recuperando, em grande parte, a queda real de 10,7%, registrada no comparativo ano de 2016 com ano de 2015.
Fatalmente, como temos abordado obsessivamente, esse novo consumidor que emerge pós-crise, é substancialmente diferente daquele com o qual estávamos acostumados a lidar até 2013, quando as vendas cresceram 6,9%.
Além de um maior pragmatismo, devido aos recursos financeiros mais escassos, esse consumidor tem aprendido a usar a internet como meio de consulta das características dos materiais de construção e suas aplicações, preços e condições de pagamento, pressionando e exigindo cada vez mais do varejo e das indústrias do segmento.
E, se nos dois últimos artigos de 2017 abordamos dados relativos à importância dos sites dos fornecedores e do YouTube nesse processo, nos próximos dois artigos abordaremos alguns pontos relativos ao uso dos comércios eletrônicos de materiais de construção para pesquisas e compras desses materiais.
Utilizando como referência dados do Painel Comportamental do Consumo de Materiais de Construção – que na onda de 2017 entrevistou 900 consumidores que realizaram obras residenciais no período de setembro de 2016 a agosto de 2017, portanto, no auge da crise e no início de sua recuperação -, 24,7% dos entrevistados alegaram terem consultado comércios eletrônicos de materiais de construção durante a fase de pesquisas e comparações de informações anteriores ao início dessa mesma obra.
As lojas virtuais foram, portanto, o quinto meio mais consultado, perdendo para as insuperáveis lojas físicas de materiais de construção, com 78,2%; sites de fabricantes de materiais de construção, com 34,6%; mídias sociais, com 26,4% e tablóides de ofertas, com 25,5%.
No entanto, quando quebramos por classes sociais, o meio ganha ou perde relevância nesse processo.
Se, na média, 24,7% o consultaram no período anterior ao início da obra, quando se trata somente de entrevistados da classe A, esse número sobe para 40,3%, passando a ser o terceiro meio mais utilizado. Por outro lado, quando se trata somente de entrevistados da classe C, esse número cai para 19,5%, passando a ser o sexto meio mais utilizado.
O desafio, segundo números do Painel, é que justamente a classe A, que goza de uma maior abundância de recursos financeiros e poderia contribuir com melhores margens nas transações de compra dos materiais, é aquela que mais utiliza meios de pesquisas antes dessa compra, numa média de 3,8, contra 2,8 da classe C, incluindo, destacadamente, outros meios digitais, como os sites dos fabricantes e mídias sociais.
Isso, certamente, significa que esses consumidores chegam ao momento da compra muito bem informados e, provavelmente, preparados para negociar cada centavo.
O sistema de compartilhamento de inteligência de mercado é cogerido por Leroy Merlin, Eucatex, Pincéis Atlas, Votorantim Cimentos e Deca, empresas empenhadas em melhor entender o segmento, contribuindo para sua profissionalização e desenvolvimento.