Desde janeiro do ano passado, o comércio de material de construção sinalizava timidamente para a retomada do crescimento das vendas, abrindo o ano com uma leve queda de 0,3%, no comparativo volume de vendas janeiro de 2017 com janeiro de 2016, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio, do IBGE.
Isso era significativo, já que o segmento vinha de uma queda real de 10,7%, no comparativo ano de 2016 com ano de 2015.
Essa sinalização foi ganhando consistência, e se transformando em realidade, no decorrer dos meses, sendo que, já no comparativo primeiro semestre de 2017 com primeiro semestre de 2016, o crescimento real estava em 4,7%, acelerando no decorrer dos meses seguintes, e, ao que tudo indica, o próximo relatório do IBGE, em 09 de fevereiro, deverá consolidar um crescimento próximo a 9,5%, no acumulado ano 2017 com ano de 2016.
Mas, se a recuperação, como já sabemos, começou pelas vendas do atacado e varejo de material de construção, havia uma expectativa de que ela se estendesse para a venda de imóveis residenciais novos, o que seria um novo e necessário impulso para a recuperação também da produção industrial do setor, já que isso significaria a normalização do estoque de imóveis e, consequentemente, lançamentos pelas construtoras de produtos que estavam na “prateleira” visando um novo ciclo de crescimento.
No entanto, esses indicativos relutavam em apresentar sinais contundentes de crescimento, embora fosse notório que, mês após mês, havia sinais de melhora, principalmente na cidade de São Paulo.
E, então, se no primeiro semestre de 2017 o comércio de material de construção crescia, como vimos acima, 4,7%, as vendas de unidades residenciais novas na Grande São Paulo, abrangendo 39 municípios, ainda decrescia 15%, sendo que na capital já crescia 9,6%, enquanto nas outras cidades encolhia 50,4%, segundo dados do Secovi-SP, ou, numa pesquisa de maior abrangência geográfica e incluindo os dados da Grande São Paulo – além de outras regiões do Brasil -, realizada pela CBIC – Câmara Brasileira da Indústria da Construção-, decrescia 5,1%.
Porém, ao que tudo indica, finalmente a recuperação da venda de unidades residenciais novas começa a dar sinais mais consistentes, considerando, principalmente, o mais recente relatório do Secovi-SP, relativo ao acumulado ano novembro de 2017 comparado com acumulado ano novembro de 2016, com crescimento de 19,2%, na Grande São Paulo, puxado para cima pela cidade de São Paulo, com 32,8% (desde maio as vendas na cidade estão positivas nos comparativos “acumulado ano”) e para baixo pelas outras cidades, com decréscimo de 7,8%, que, no entanto, cresceram 69,2%, no comparativo mês de novembro de 2017 com novembro de 2016.
Já, nos mais recentes dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, portanto de maior abrangência geográfica, houve também sinais de melhora, sendo que a queda na venda de unidades residenciais estava em “apenas” 1,5%, no comparativo acumulado ano setembro de 2017 com acumulado ano setembro de 2016.
Aguardemos, otimistas, o próximo relatório trimestral dessa fonte, provavelmente no final de fevereiro ou início de março, fechando o resultado das vendas no ano de 2017.
É possível presumir que o comércio do segmento já esteja sendo beneficiado diretamente por esse princípio de reação, e que, persistindo essa inflexão, possa ser ainda mais beneficiado pelo ganho de consistência e maior abrangência geográfica do aumento das vendas de unidades residenciais novas.
Afinal, quem recebe as chaves de seu novo lar, habitualmente realiza reformas para adaptar esse lar à sua conveniência e senso estético, ou, ainda, realiza obras de acabamento, ou, na pior das hipóteses, faz pequenas melhorias, comprando, fundamentalmente, no varejo de material de construção.
O sistema de compartilhamento de inteligência de mercado é cogerido por Leroy Merlin, Eucatex, Pincéis Atlas, Votorantim Cimentos e Deca, empresas empenhadas em melhor entender o segmento, contribuindo para sua profissionalização e desenvolvimento.